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O conceito de MVP, ou Minimum Viable Product em inglês, tem sido amplamente utilizado desde os anos 2000 como uma abordagem para desenvolver e lançar produtos com o mínimo de esforço e tempo possível. O MVP é uma versão utilizável de um produto, negócio, ideia ou solução com o mínimo de funcionalidades necessárias para resolver um problema específico.

Durante a fase de MVP, a equipe realiza testes para validar a ideia e determinar se ela é uma solução viável para o mercado. É fundamental que a equipe saiba exatamente qual problema o MVP está resolvendo, pois isso ajudará a direcionar os esforços para criar um produto que atenda às necessidades dos clientes.

No entanto, muitas equipes cometem o erro de ver o MVP como um produto simplesmente “feito pela metade”, com recursos essenciais removidos para acelerar o lançamento. Na verdade, o MVP é um processo iterativo que envolve 3 questões fundamentais:

  • Identificar a suposição mais arriscada;
  • Criar um experimento mínimo para testar essa suposição;
  • Usar os resultados para ajustar o curso.

O MVP não é algo que você constrói apenas uma vez e considera feito, mas sim um processo que deve ser repetido várias vezes.

Assim como um avião voando da Califórnia para o Havaí, que está fora de curso 99% do tempo, mas constantemente corrigindo seu curso, as startups de sucesso usam o MVP para iterar e melhorar continuamente seus produtos e serviços. Evan Willians.

Estamos entregando um tijolo

É crucial que o MVP mantenha a proposição de valor central, independentemente de ser um produto completo ou não. É preciso saber por que o produto é valioso e necessário para os usuários, quais problemas ele resolve e quais são seus diferenciais em relação às opções existentes. Esses valores devem ser mantidos para que o teste seja eficaz.

Quando um produto é criado, são feitas muitas suposições. Você supõe que sabe o que os usuários estão procurando, como o design deve funcionar, qual estratégia de marketing usar, qual arquitetura funcionará com mais eficiência, qual estratégia de monetização o tornará sustentável e quais leis e regulamentos você deve cumprir. Não importa quão bom você seja, algumas de suas suposições estarão erradas. O problema é que você ainda não sabe quais. 

Quando falamos sobre produtos é inevitável falar sobre Steve Jobs. Mas a verdade é que muitas pessoas têm uma imagem falsa de Steve Jobs como alguém que sonhava com ideias perfeitas e as entregava ao mundo produtos sem iterações. As pessoas frequentemente olham para o iPhone como um exemplo perfeito, mas esquecem que o primeiro iPhone tinha muitas deficiências, como a falta do copy + paste, Apple Store e de conexão 3G, o que fazia com que o navegador fosse lento.

Se você é aquela pessoa que insiste em dizer “O produto tem que ser assim porque foi o que eu decidi. Não importa o que os clientes ou qualquer outra pessoa diga, faça o produto tem que ser exatamente como eu quero!”. Jobs não pensava assim. A verdade é que ele era alguém que iterava, repetindo cada passo para alcançar a perfeição.

“Estamos entregando um tijolo, não uma casa completa. Nosso objetivo não é entregar uma solução perfeita desde o início, mas sim construir gradualmente com base no feedback dos clientes.” Pablo Amorim.

Construir-Medir-Aprender

Ao contrário do processo de desenvolvimento de produtos tradicional, que envolve um longo período de incubação antes do lançamento no mercado, o MVP elimina todos os recursos, processos ou esforços que não contribuem diretamente para a aprendizagem desejada, permitindo que se aprenda o mais rápido possível.

Essa redução é essencial para a proposta de valor do negócio mas pode resultar na percepção por parte dos clientes de que o MVP é um produto “de baixa qualidade”. Mas, como Eric Ries afirma em seu livro “A Startup Enxuta” (Lean Startup), essa percepção pode e deve ser vista como uma oportunidade para descobrir o que realmente importa para os clientes.

Colocar o produto diante dos seus possíveis clientes para avaliar as suas reações é tão importante: além de perceber problemas técnicos é possível também testar hipóteses fundamentais do negócio.

“Se uma imagem vale mais do que mil palavras um protótipo vale mais do que mil reuniões.” Dennis Boyle, IDEO.

Você pode vender um péssimo design no PPT, mas você não pode vender um péssimo design através de um protótipo, ou funciona ou não!

Com isso, ao término de cada ciclo de Construir-Medir-Aprender, é possível decidir mais cedo e com menos esforço se é possível seguir em frente com a estratégia original ou se é necessário pivotar.

É importante ter em mente que o objetivo do MVP é ser apenas o primeiro passo em uma jornada de aprendizagem e não a etapa final dela, é uma versão mais “clean”, mais “enxuta” – mas que, no entanto, já é suficiente para resolver o problema para o qual foi desenvolvido. Um MVP que tenha 100% de todas características não é um MVP, é um produto completo.

Durante o processo, é importante olhar no espelho e fazer uma pergunta: Qual problema o meu MVP está resolvendo? Pablo Amorim.

O ingrediente central em busca da solução ideal é o foco no problema. Para alcançá-la, é importante seguir estas quatro etapas:

  1. Defina um prazo para a sua especificação
  2. Escreva sua especificação
  3. Corte sua especificação
  4. Não se apegue ao seu MVP

Quantidade vs Qualidade

Alguns times se vangloriam de ter criado 1000 funcionalidades para um produto, adicionando coisas que não necessariamente trazem melhoria. Às vezes, apenas toma mais tempo de desenvolvimento, tornando o produto menos utilizável.

Resumindo, um produto que é desenvolvido com base no que a equipe pensa que o usuário quer e não no que ele quer de verdade raramente atinge seus objetivos. Se pararmos para pensar, há vários produtos lançados por grandes marcas que demandaram um alto investimento, mas não tiveram o sucesso esperado.

“O MVP é o produto do tamanho certo para a empresa e seu cliente. É grande o suficiente para causar adoção, satisfação e vendas, mas não tão grande que seja inchado e arriscado” Frank Robinson, CEO da consultoria SyncDev.

Case Waze : )

A tecnologia é algo realmente encantador. Como pode um simples aplicativo conectar tantas pessoas? Como pode um aplicativo que te permite se comunicar com alguém do outro lado do mundo em tempo real? Um aplicativo que te leve aonde você quer ir, informando sobre trânsito, atalhos, limites de velocidade e etc… Bom, nesse vídeo, o Embrulha Pra Viagem esclarece para você todas essas dúvidas.

“Isso não significa, no entanto, entregar para o cliente um produto mal feito. No Nubank, nós partimos do princípio de que o MVP precisa ter uma experiência minimamente agradável para o usuário.” Pedro Axelrud – Head de Produto da conta no Nubank

Do thing have don’t scale! 

Quando você é uma pequena startup, não tenha medo de fazer coisas que não escalam. O dimensionamento é um bom problema, pois significa que você construiu algo que vale a pena dimensionar. No início estamos buscando o Market Fit, ou seja, atingir aderência do nosso produto ao mercado. Queremos testar! É a demanda e a necessidade que vai forçar nossa solução a escalar. Até chegar ao Market Fit nos vamos realmente fazer coisas que não dão escala. No início nosso objetivo principal é focar em retenção, deixando nossos usuários satisfeitos, mostrando qual é o nosso diferencial. Aos poucos vamos forçando mais e mais, com isso vamos ganhando mais escala, sempre tentando transformar o que é mais manual no MVP em algo automatizado. Dessa maneira nosso time ganha mais tempo e consequentemente faz mais coisas. 

Case Airbnb

O Airbnb é um exemplo clássico dessa técnica. Marketplaces são tão difíceis de pôr de pé que você pode esperar atos heróicos dos fundadores no começo da sua jornada. No caso do Airbnb, esses atos heróicos consistiam dos fundadores batendo de porta em porta em Nova York, recrutando novos donos de imóveis para a plataforma e melhorando os anúncios dos que já estavam nela.

Em um mundo de tentativa e erro, quem consegue encontrar os erros mais rápido vence. Algumas pessoas chamam essa filosofia de “fail fast” ou falhar rápido em português. No TripAdvisor, isso é chamado de “Vencedores de Velocidade”. Eric Ries chamou de Lean . Kent Beck e outros programadores o chamaram de Agile. Seja qual for o nome, o objetivo é descobrir quais de suas suposições estão erradas obtendo feedback sobre seu produto de usuários reais o mais rápido possível.

Conclusão!

Qual é o segredo do MVP em uma única frase? Criar uma solução para um problema identificado com o mínimo de esforço. Muitas startups gastam meses ou anos construindo um produto antes de descobrir que sua suposição mais central estava errada. Segundo a CB Insights, a principal causa de falência de startups (42% das vezes) é a falta de necessidade de mercado.

“Certamente não há nada tão inútil quanto fazer com grande eficiência o que não deveria ser feito”. Peter Drucker.

A única maneira de testar suas suposições é colocar o produto na frente de usuários reais o mais rápido possível e estar disposto a voltar à prancheta várias vezes. Desde o dia um do MVP, é crucial entregar algo de valor para o cliente e aprender o que é realmente importante para eles. O MVP é uma abordagem saudável que ensina o que o cliente realmente quer e ajuda a evitar investimentos em projetos que podem não ter sucesso.

Referências: