Existe um “Movimento Anti-Design”? É comum que, de tempos em tempos, as pessoas reflitam sobre o que estamos vivenciando em um determinado mercado de trabalho. No entanto, nem sempre essas reflexões correspondem à realidade. No campo do design, após um longo período de demanda por profissionais para suprir o mercado de trabalho, surge uma necessidade de questionar a potência e relevância do design aplicado às soluções. Será que estamos desafiando a essência do design?
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Do Conflito à Compreensão: Contestar vs. Contextualizar
A contestação, quando feita apenas para provocar, sem um objetivo claro de discussão e avanço, pode ser uma ação temerária. Ela não propõe algo construtivo, mas apenas gera confusão ao destacar algo que destoa dos demais itens. Em contraste, contextualizar é trazer itens relevantes para a mesa com o objetivo de aprimorar o cenário atual.
Não é incomum, atualmente, vermos o movimento “Anti-Design“, uma abordagem desmotivadora que muitas vezes visa promover uma pessoa criando um movimento abrupto e desnecessário, sem resultados concretos. Dizer simplesmente que algo não funciona ou desprezar o que já foi construído pode gerar buzz e impacto inicial, mas a longo prazo não beneficia a comunidade e o mercado.
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Exemplos de Críticas Desconstrutivas
Casos como críticas ao design thinking por não resolver problemas “reais” ou movimentos contra práticas de UX, que ignoram suas contribuições comprovadas, são exemplos de como abordagens negativas podem causar mal-entendidos e retrocessos na prática do design. Essas críticas são reflexos negativos que muitas vezes desconsideram a evolução e o valor das metodologias e práticas estabelecidas.
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Design ao Longo dos Tempos
O design tem uma longa jornada de evolução e transformação:
- 1 – Era dos Fundamentos: O Design na Antiguidade: O design começou com a necessidade humana de criar ferramentas e objetos funcionais, com exemplos notáveis em civilizações antigas como o Egito e a Grécia. A ênfase era na funcionalidade e na estética básica.
- 2 – Era da Produção: A Revolução Industrial e o Design em Massa: Com a Revolução Industrial, o design passou a incluir não apenas a criação de produtos funcionais, mas também a produção em massa. O design se tornou mais acessível, e o foco foi na eficiência e na padronização.
- 3 – Renascimento Artesanal: O Movimento Arts and Crafts: Em resposta à industrialização, o movimento Arts and Crafts defendeu a volta à produção artesanal e o valor do design estético e funcional. Esta era a primeira etapa significativa na valorização do design como uma prática criativa e artística.
- 4 – Era da Simplicidade: O Design Moderno: O design moderno, influenciado por movimentos como o Bauhaus, trouxe uma abordagem mais racional e funcional ao design. O foco foi na simplicidade, na clareza e na integração entre forma e função.
- 5 – Exploração e Diversidade: O Design Pós-Moderno: O design pós-moderno questionou as regras rígidas do modernismo e trouxe uma abordagem mais eclética e expressiva, incorporando a subjetividade e a diversidade de estilos.
- 6 – Transformação Digital: A Revolução do Design Centrado no Usuário: Com a revolução digital, o design passou a focar mais na experiência do usuário (UX) e na usabilidade. Metodologias como o design thinking e o design centrado no usuário ganharam destaque, demonstrando que o design pode transformar mercados e resolver problemas complexos.
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O Valor do Design no Mercado Digital
O mercado de soluções digitais tem quase meio século, e já passamos por altos e baixos em termos de investimento e qualidade na entrega de soluções. O design, que até pouco tempo era visto apenas como uma questão de estética combinada com sorte, passou a ser reconhecido como uma prática fundamental. O olhar leigo muitas vezes sobrevalorizava o aspecto estético, e o designer era reduzido a um operador de máquinas, repetindo processos.
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A Luz do Design na Experiência do Usuário
Sim, a luz veio com a usabilidade, o design thinking e o foco na experiência. A experiência, essa palavra que nos faz refletir sobre como vivenciar algo. Surgiram pesquisas, testes, grids, fluxos e jornadas – um verdadeiro Gênesis do design. Com essas ferramentas, o designer passou a ter um papel na mesa de discussão, comprovando que o design aplicado aos negócios pode trazer resultados, transformar mercados e criar soluções.
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Case de Transformação: Como a Airbnb Redefiniu o Mercado com Design Centrado no Usuário
Um exemplo notável dessa transformação é a empresa Airbnb. Originalmente, a Airbnb começou como uma plataforma simples de aluguel de acomodações. No entanto, ao adotar um design centrado no usuário e focar na experiência do cliente, a empresa conseguiu transformar a forma como as pessoas percebem e utilizam serviços de hospedagem. Através de extensas pesquisas com usuários, testes de usabilidade e a implementação de um design intuitivo e personalizado, a Airbnb conseguiu oferecer uma experiência mais satisfatória e envolvente. Isso não só melhorou a satisfação dos usuários, mas também impulsionou o crescimento exponencial da empresa, demonstrando como o design centrado no usuário pode gerar resultados tangíveis e transformar mercados.
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Como Designers Podem Responder às Críticas de Forma Construtiva?
Reagindo com criatividade. Para os profissionais de design, responder às críticas de forma construtiva é crucial para manter a integridade do trabalho e promover um ambiente de crescimento:
- Ouça Ativamente: Compreenda a crítica em detalhes. Pergunte por exemplos específicos e procure entender o ponto de vista do crítico.
- Seja Objetivo: Avalie a crítica de maneira objetiva. Identifique se há fundamentos que possam agregar valor ao projeto e considere como essas sugestões podem ser integradas.
- Comunique o Valor do Trabalho: Explique o processo de design e as decisões tomadas. Mostre como as escolhas foram baseadas em pesquisa, dados e necessidades dos usuários.
- Adote uma Mentalidade de Crescimento: Encare as críticas como oportunidades para aprimorar suas habilidades e conhecimentos. Utilize o feedback para fazer melhorias e ajustar abordagens.
- Mantenha o Respeito e a Profissionalidade: Responda de maneira profissional, mesmo que a crítica seja negativa. Evite defensividade e mantenha o diálogo aberto para possíveis melhorias.
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O Designer é um Agente de Mudança
A única certeza é que ainda não chegamos a um ponto final. Assim como na construção de soluções, o design é orgânico e iterativo. Não buscamos chegar a um destino específico, mas sim vivenciar o processo, aprimorar nosso conhecimento e criar formas mais eficientes de integrar negócios e experiências.
O Design Nunca Sai de Cena
O design nunca foi irrelevante e nunca será. Sempre surgirão novos nomes, padrões e métodos de design. O design é a ferramenta mais poderosa que a mente humana possui para enfrentar o lado artificial. Desprezar o que foi construído para chegar até aqui é um erro estratégico e emocional. Não podemos nos deixar enganar por afirmações de que o design não muda o mundo, pois ele sempre o fará.