A transformação das cidades em ambientes mais conectados, sustentáveis e eficientes depende, antes de tudo, da inclusão digital. No Brasil, uma das maiores barreiras para esse avanço é a desigualdade digital, que afeta principalmente as pessoas de baixa renda. Para muitos, o acesso à internet, dispositivos adequados e até o conhecimento sobre como utilizar as tecnologias disponíveis ainda são desafios imensos. Esse cenário cria uma disparidade significativa, onde uma parte da população está cada vez mais integrada ao mundo digital, enquanto outra fica para trás.
O grande problema é que, enquanto a tecnologia avança rapidamente, ela acaba sendo um privilégio de poucos. As cidades começam a adotar soluções inteligentes, como monitoramento de tráfego, otimização de consumo de energia e serviços públicos digitais, mas essas inovações não alcançam a todos de forma igualitária. Para quem não tem acesso à internet ou a dispositivos adequados, essas mudanças tecnológicas acabam sendo invisíveis e inatingíveis.
Além disso, a falta de habilidades digitais entre grande parte da população torna o cenário ainda mais desafiador. Muitas pessoas, especialmente em áreas periféricas e de menor renda, não sabem como usar as ferramentas digitais para acessar serviços essenciais como saúde, educação ou até mesmo buscar oportunidades de emprego. Isso cria uma exclusão digital que afasta essas pessoas de uma série de benefícios que as inovações tecnológicas podem proporcionar.
Enquanto as cidades avançam em sua transformação digital, o abismo entre os que têm acesso às novas tecnologias e os que não têm acesso continua a crescer. A desigualdade digital não é apenas um obstáculo técnico, mas um reflexo de uma desigualdade social ainda mais profunda. Sem ações para reduzir esse gap, o futuro das cidades se tornará um reflexo da exclusão, onde uma parte da população desfruta de benefícios tecnológicos enquanto outra é deixada para trás.
Portanto, a grande questão a ser resolvida é como garantir que a transformação digital das cidades seja inclusiva. A inclusão digital não pode ser vista como um mero luxo ou um detalhe secundário. Ela precisa ser parte fundamental da construção de cidades mais conectadas, mais justas e mais eficientes. Caso contrário, as novas tecnologias acabarão aprofundando as desigualdades já existentes, e o futuro das cidades será dividido entre os que têm acesso ao digital e os que permanecem à margem dessa revolução.